1. |
Boca da Terra
04:26
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Exêu epa Babá
Babá bate pilão
Batida do coração
No moto perpétuo: “ação”
É chegada a hora de nascer
Toca rumpilé do alabê
Chama a família pra ver
O mundo tem mais um bebê
Na mão de Xangô vai crescer
Filho de nagô com malê
Veio pra ensinar e aprender
Criança de lua já nasce danada
Caindo no chão ele andou
E se levantando falou
Chorava com o som do tambor
Calava na frente do avô
Na sombra daquele senhor
Sentia temor e amor
Pra sempre a cabeça ficou
Com a imagem do velho babalaô
Que na quinta-feira partiu
Levaram pra beira do rio
E nunca esqueceu do arrepio
Da base da espinha pra nuca subiu
E da cantoria que ouviu
Do fogo que acende pavio
Que o topo do céu coloriu
O olho brilhando na cara do pai
Boca da Terra
Boca da Terra, ê mamãe!
O que vou te passar mizifi
São mistérios do céu e do mar
Relampeja na terra e no ar
Universo está todo aqui
Meu gosto é te ver crescer
Desfrutar do bem de viver
A benção menino do pai
Quando você entra, você sai
Respeite a mãe natureza
Gentileza gera gentileza
Prestando atenção onde pisa
No círculo o circo eterniza
Segue seu caminho em paz
Que Oxaguiuan guiando vá
Eu tô guardando pra te dar
Merindilogum de Orixás
A vida fazendo o que faz
Fez do menino um rapaz
Economicamente incapaz
De porta em porteira correndo atrás
Vivendo no pique veloz
Mais um dos que gritam sem voz
Pro mundo que esqueceu de nós
Só sendo sagaz nesse mundo feroz
Ferido no corpo e na mente
Quase inexistente e doente
Foi que renasceu a semente
Acordando a alma dormente
Escuta uma voz trovejante
Que diz meu filho levante
Hora de ser confiante
Só coisa boa te atrai pra cá
Faz o menino acordar
Herdeiro do sangue de Ifá
O velho mandou te chamar
teu nome tá escrito na boca da terra
Volta pra casa enfim
Abre seu corpo pra mim
Faz do terreiro um jardim
Juntos nos vamos vencer a guerra!
Boca da Terra
Boca da Terra, ê mamãe!
O que vou te passar mizifi
São mistérios do céu e do mar
Relampeja na terra e no ar
Universo está todo aqui
Meu gosto é te ver crescer
Desfrutar do bem de viver
A benção menino do pai
Quando você entra, você sai
Respeite a mãe natureza
Gentileza gera gentileza
Prestando atenção onde pisa
No círculo o circo eterniza
Segue seu caminho em paz
Que Oxaguiuan guiando vá
Eu tô guardando pra te dar
Merindilogum de Orixás
Exêu epa Babá
Babá bate pilão
Batida do coração
No moto perpétuo: “ação”
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2. |
Remandelagem
03:53
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Quando caio na batalha
Quem me leva é Iansã
Vem chuva, vem trovoada
Tô de pé toda manhã
Sem ressaca, Sacassaia
Sacando de mente sã
Sintoniza na pegada
da pancada do tantã
Simbolizando a vontade
de se reconectar
Lá na fonte da verdade
Quero ver como é que tá
Levantando aparelhagem
Pra poder te impactar
Baticum, bate folhagem,
Bagagem de Bagdá
Eu repercuto, tu repercute
Nós repercussionamos
Eu Felakuto, tu Felakuti
Nós Felakuteamos
Eu remodelo tu reMandela
Boto dendê na tua panela
Obaluaiê, baluarte, estandarte de Jah
Obaluaiê, baluarte, estandarte de Jah
Tudo que eu quero na vida eu tenho aqui
Eparrei Oyá
Foi debaixo desse céu que eu nasci
Eparrei Oyá
Na batida do atabaque eu cresci
Eparrei Oyá
O que Nanã me ensinou nunca esqueci
Eparrei Oyá
Canto o ponto, fico tonto
Grita o povo saravá
No momento fico pronto,
Deixo o santo me levar
Óia papai bologum
Vai fazer você bolar
Parado não fica um
Vamos lá, qualificar
Perna pula, perambula
Começa a confabular
Contrapeso que dissimula
Na gula de regular
Segura nessa cintura
Coisa espetacular
Rebolando as estruturas
Vamos revolucionar
Tudo que eu quero na vida eu tenho aqui
Eparrei Oyá
Foi debaixo desse céu que eu nasci
Eparrei Oyá
Na batida do atabaque eu cresci
Eparrei Oyá
O que Nanã me ensinou nunca esqueci
Eparrei Oyá
Eu repercuto, tu repercute
Nós repercussionamos
Eu Felakuto, tu Felakuti
Nós Felakuteamos
Eu remodelo tu reMandela
Boto dendê na tua panela
Obaluaiê, baluarte, estandarte de Jah
Obaluaiê, baluarte, estandarte de Jah
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3. |
Nobre Plebeu
03:12
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|||
É o mar pé pé Chorodô!
Meu espirito é livre desempedido
Estampado no estampido
Do estupor de seu tambor
Gosta de correr pro abraço
Dança no compasso
Tropeçando no cadarço
No laço do seu amor
Voa no problema
Polemiza o tema
Corre feito ema
Resolve a situação
Quem tem grana vai a roma
Tá com fome, coma
Quem tá junto soma
Multiplica a equação
Meu espirito não é suino
É um grande pequenino
Ele é grosso e é fino
Violento, violino
É sulista e nordestino
É judeu e palestino
É noturno e matutino
É passado e é destino
O meu corpo é um receptáculo
Não serve de obstáculo
Para o espetáculo da minha alma
Meu coração é um oráculo
Que estica os tentaculos
Pro povo bater palma
Ien ien nhen in nhen ien Chorodô!
Meu espirito é de noite é de dia,
Simbiose da ciencia e magia.
Eu acho que não é macho nem fêmea
Quase homo, quase heterogenea
Meu espirito é sol e é chuva,
Fica dentro quando o vento faz a curva.
Argumenta com o imponderável,
É impetuosamente irresponsável.
É o mar pé pé Chorodô!
Meu espírito é risonho,
É rosado é bisonho
É gozado e é retado como o quê?
Meu espectro intelecto
Provecto compacto
De impacto no baque do djembé
Meu espaço é volumoso
Faço traço cuidadoso
Arregaço cabuloso
Abro a porta pra você
Minha brasiliência
Revestida de oxência
Emana malemolência
Embalando o balancê
Meu ectoplasma esvoaçante
Nego pasma delirante
Com o fantasma
Que te bota pra tremer
Sinta a lombra que assombra
Que deslumbra, tem quizumba
Na penumbra
Retumbando o seu prazer
Manifesta nessa festa
Desembesta na floresta
Protesta na sua testa
Começa a resplandecer
Meu reflexo,
Simples e complexo
Preparado e perplexo
Difícil de entender
Ien ien nhen in nhen ien Chorodô!
Meu espirito é de noite é de dia,
Simbiose da ciencia e magia.
Eu acho que não é macho nem fêmea
Quase homo, quase heterogenea
Meu espirito é sol e é chuva,
Fica dentro quando o vento faz a curva.
Argumenta com o imponderável,
É impetuosamente irresponsável.
Meu espirito é escudo e a espada.
Meu espirito é foda e é fada.
Meu espirito é um nobre plebeu
Que está apaixonado pelo teu.
Meu espirito é verdade ficticia
E tem gosto de amarga delicia.
Meu espirito é um nobre plebeu
Que está apaixonado pelo teu.
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4. |
Batida Catira
01:54
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|||
Ouvindo a batida catira
no fundo do mar.
Um ruido latido, sentido,
que lembra Goddard.
Eu sinto que a vida me leva
pra outro lugar.
E minto se digo:
"Caipira não sabe voar".
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5. |
Barravento
04:14
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Matuta, matuta
Tudo que truta computa
Que deputado deputa
As leis do filha da mãe
Maquina, maquina
Ligado na cafeína
Fecha negócio da China
Celebra com champanhe
Pondera, pondera
Enquanto o som reverbera
A vida desacelera
Abre um sorriso amarelo
Calcula, calcula
Loucura que te regula
Trabalha feito uma mula
Sonha com praia e chinelo
Pira, respira
No corre corre se vira
Foge daquelas mentira
Que deixa o cabra maluco
Queima essa mufa
Faz da caveira uma estufa
Depois tu calça pantufa
Cola na testa que é truco
Ó se fosse, o que será
Levantar da cama antes de acordar
Ó se fosse, ainda não sei
Vou deitar de novo pra sonhar outra vez
Ó se fosse, o que será
Levitar da cama antes de acordar
Ó se fosse, ainda não sei
Vou deitar de novo pra sonhar outra vez
Bate, rebate
Debate o tal disparate
No movimento do mate
Cabeça parte no meio
Bote, rebote
No ficha podre: não vote
Descalabrado calote
Roubando o povo, que feio
Arrebente no beat
Potente com dinamite
A mente não tem limite
Contente, mostrando os dente
Arregace essa face
Metendo as caras no impasse
Quero que o mundo te abrace
Felicidade pra gente
Eparrei arrepia
Enquanto o santo irradia
Desfila filosofia
Dispara o corpo no espaço
Levita, levanta
Leva esse povo que canta
Revolução da garganta
Chegando no seu pedaço
Ó se fosse, o que será
Levantar da cama antes de acordar
Ó se fosse, ainda não sei
Vou deitar de novo pra sonhar outra vez
Ó se fosse, o que será
Levitar da cama antes de acordar
Ó se fosse, ainda não sei
Vou deitar de novo pra sonhar outra vez
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6. |
Dizeres Desertos
04:33
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|||
Eram três moças bonitas
que foram a praia passear
Uma era Oxum, outra Iansã
e a outra era Yemanjá
Transistor ligado, potência no jeito
Tudo pronto. Fique sintonizado
No baticum invocado que deixa todo mundo tonto
Cheio de assunto cada um aumenta o ponto
No ibope do rádio.
Suingue estilo infarte agudo do miocárdio
Temperado com pimenta e cloreto de sódio
Pole position no pódio qualquer dia
Assombrando seu vídeo.
Com mais uma transmissão inclusiva
De vibração positiva.
Propriedade intelectual coletiva no ouvido
Samba de som destruído, grapixo, throw-up,
Estampido, estupendo na arte de rua
Sacassaia é massa, gandaia na sua praça
Animando seu espaço, construindo passo a passo
Eu falo, eu faço. Rap eu conheço, rima tem seu preço
Transmite paz, vontade de correr atrás.
Quer mais? tem pra todo mundo:
Roda pick-up, comanda o escape do ataque
Do baticum retumbante e profundo
Nos quatro cantos do mundo
Quero levar o meu bloco
Aprimoro a ciência
Pela experiência que eu troco
O gás que eu coloco,
o ponto que eu toco
A gente faz tendo a paz como foco.
Venha!
Um chip flutua na praia
Levando mensagem de Yemanjá
Um gênio na lata de cerva
Na beira do mar
Batida que a vida segura
Balança a rede, coração
Maré mansa não cansa
Criança não é mole não
Já paguei mico, já paguei sapo
Pra gestapo, prestação
Filho, não aperte o gatilho
Nem perca a razão
Pelourinho não é folclore
Não ignore esse sofrer
No mundo tem paz, tem guerra
Para se escolher
Dizeres desertos, mares abertos
Despacho futurista pra turista viajar
Acarajé fritando, comida sobrando
Incenso queimando, quibebe no aguidá
Quimbundo quilombo, Xangô xequerê
Do roncó se ouve o toque de rumpilê
Oxalá disse que o amor vai vencer
Obatalá viu como eu quero te ver
Um coração latindo,
latindo na lata do menino
Do menino, do menino, do menino
Do menino, ui, oha o menino ui ui ui
Dizeres desertos, Mares abertos
Despacho futurista pra turista viajar
Acarajé fritando, comida sobrando
Incenso queimando, quibebe no aguidá
Quimbundo quilombo, Xangô xequerê
Do roncó se ouve o toque de rumpilê
Oxalá disse que o amor vai vencer
Obatalá viu como eu quero te ver
Um chip flutua na praia
Levando mensagem de Yemanjá
Um gênio na lata de cerva
Na beira do mar
Batida que a vida segura
Balança a rede, coração
Maré mansa não cansa
Criança não é mole não
Já paguei mico, já paguei sapo
Pra gestapo, prestação
Filho, não aperte o gatilho
Nem perca a razão
Pelourinho não é folclore
Não ignore esse sofrer
No mundo tem paz, tem guerra
Para se escolher
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7. |
Ninguém Dorme
03:37
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Ê viva Pastinha, Camará
Ê quem me ensinou, Camará
Ê viva meu Deus, Camará
Que me deu amor pra lutar
< Essa é a irmandade rebolacionista,
Fundamentalista da pista de dança
Sacassaia!
O negócio é gravíssimo,
Segura o Ragga,
Ouça! >
Eu que rimo ragga
Enquanto praga nêgo roga
Eu que remo o bote
Enquanto o Haoli se afoga
Eu não julgo jegue
Diga aí, juiz de toga
Referência fica
Pega gingado que joga
Mandinga de Angola
Vou bater para tu
Para tu bater para o gol a bola
Eu que rimo rumo
rame-rame radiola
E falta pouco
Rebatendo no sufoco
Resfolega no papoco
Tipo louco que se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Saca essa saia na parada
Nego se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Ninguém dorme
Ragga simiano aqui dos brasas de Brasília
Ras e Sacassaia na pegada de gorila
Jogue para os lobos que lidero a matilha
Na sala de dança, bicho solto, segue a trilha
Deixa de fala, fala, vem dançar o Ragga Ragga
Sound system bate seco nos P.A que chega estrala
Fogo na Brasilônia, Ragga BR que propaga
Tomás seletor, mestre Renato chega e fala
Que vai baixar que vai baixar camará...
Tipo louco que se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Nego se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Ê viva Pastinha, Camará
Ê quem me ensinou, Camará
Ê viva meu Deus, Camará
Que me deu amor!
Ê viva Pastinha, Camará
Ê quem me ensinou, Camará
Ê viva meu Deus, Camará
Que me deu amor pra lutar
Ninguém dorme,
Bomba na sala de dança
O paredão enorme
P.A de sound system
Bate seco nos conforme
Com fome, enquanto malandragem some
Com a chegada dos menino de uniforme
Nêgo quase desmaia,
Quando chega e se depara
Com um mar de barra de saia
Rebolando no embolado da gandaia
Sacassaia pra sacar esse movimento
Bate feito rabo de arraia
Nas caixa do pensamento
Só um momento...
Bumbo retumba no esqueleto
Perna bamba pede sambatuque
De tambor de ketupinambabalorixá
Mandou chamar os velho preto
Curtir, que é som do gueto
Avisa lá que vai baixar meu camarada
que vai baixar, vai baixar, camará...
Tipo louco que se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Nego se esmaga
Na sala de dança para ouvir peso do ragga
Todas as crianças,
Moça bonita não paga
Chegando como quem nada não quer
Saca essa saia na parada
Ê viva Pastinha, Camará
Ê quem me ensinou, Camará
Ê viva meu Deus, Camará
Que me deu amor!
Ê viva Pastinha, Camará
Ê quem me ensinou, Camará
Ê viva meu Deus, Camará
Que me deu amor pra lutar
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8. |
E o Mar Secou
01:26
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9. |
Boca Oca
03:12
|
|||
Boca do dia, boca do mundo,
boca desdentada
Boca da noite, boca de túnel,
boca de estrada
Boca que traga, intriga, fala tudo
e não diz nada
Boca seca, boca de sertão,
boca molhada
Boca do Acre, boca do Papouco,
boca pintada
Boca quente, boca do buraco,
boca de safra
Boca de zero-nove, bocapio,
boca de sapo
Boca que cala, boca de bala,
boca que bate papo
Boca de porco, boca do inferno,
boca do dragão
Boca que erra, boca que acerta
e que pede perdão
Boca de cena, boca de sogra,
boca de fogão
Boca livre, boca fria,
boca do alçapão
Boca de lata, boca de sulapa,
boca de desejo
Boca que baba, boca de barba,
boca de beijo
Boca de urna, boca de batom,
boca de fome
Boca de espera, boca do povo,
boca no trombone
Boca da mãe, boca do pai,
boca do tio
Boca da onça, boca da mata,
boca do rio
Boca da velha de silicone
boca da grota
Boca de siri, boca do mar,
boca da toca
Boca do lixo, boca de branco,
boca de preto
Boca de fumo, boca sem rumo,
boca de gueto
Boca da rua, boca da lua,
boca de sino
Boca do morro, boca de socorro,
boca de menino
Boca que come que consome
parada incerta
Boca de beco, boca de bobo,
boquiaberta
Boca de poço, boca de homem,
boca de moça
Boca fechada, em boca calada
não entra mosca
Boca de lata, boca de sulapa,
boca de desejo
Boca que baba, boca de barba,
boca de beijo
Boca de urna, boca de batom,
boca de fome
Boca de espera, boca do povo,
boca no trombone
Boca de mangue, boca da massa,
boca do âmago
Boca de barro, boca de tanque,
boca do estômago
Boca da sorte, boca da área,
boca de jogo
Boca do caixa, boca de fogo,
boca de lobos
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10. |
Onda do Mar
03:41
|
|||
O respeito pela onda
Cai pra dentro, não se esconda
E deixa fluir a vida
Na subida da maré
Eu também adoro praia
A morena saca a saia
Dá um gosto de gandaia
Da cabeça até o pé
Moleque resfolegante
Sorriso contagiante
Paga de comediante
E vende picolé
Bota o calção, tou pronto
Seu bikini me deixa tonto
Nem te conto
Dá um desconto
Nesse acarajé
Sou freguesia da Bahia
Maré sobe noite e dia
Dia e noite, correria
Sem perder a fé
Banho de água salgada
Energia renovada
No colo da mãe amada
Eu ganho um cafuné
Chega, estica a canga
Toma um suco de pitanga
Balanga, balanga a tanga
Calango babando há
Sol à milanesa
Olha a jóia da princesa
Na barraca tem uma mesa
Para a gente se sentar
O mundo é mar
O mar é mundo
Feito pro mergulho fundo
Por favor não seja imundo
Jogue o lixo em seu lugar
Na minha casa eu tenho
Um mar de oxigênio
Só se eu fosse um gênio
Pra nadar no ar
Se der bobeira
Vou surfar na cachoeira
A onda vai ser maneira
Mas eu vou me arrebentar
E fico na vontade
Se rola oportunidade
Pego o barco da saudade
E volto pra lá
Foi a onda do mar
Que me levou
Que me lavou
Abençoou
Foi a onda do mar
Que me salvou
Que me ensinou
Insinuou
A onda anda / Aonde anda / A onda?
A onda ainda / Ainda onda/
Ainda anda / Aonde? / A onda /
Bandeira sonda, não é mané
E vai na onda que flutua
Lua nova, bossa antiga
Que não míngua, vai crescente
E se tá cheia dá enchente na maré, é!
Que onda é essa
Que vem depressa?
Meça a vida e vamo nessa
E me diga a quantos pés
De quantos pés você precisa
Para andar sobre a água
Que afaga, que afoga
Na su'alma bota nódoa
E mancha sua fé
No planalto não tem praia
Mas tem o Sacassaia
E o candomblé
Que na raia é unânime
Faz, da marola, tsunami
E o ditame é o afoxé
Quer?
Quem não quiser é
Melhor dar no pé
Porque o papo aqui não é parangolé
Até que ponto o conto
Vai de encontro ao encontro de
Verdades, verossimilhanças e migués?
Sincronia, sincretismo
Mimetizo e os cretinos ficam logo de cabelo em pé
E vão surgindo a todo instante
Tão constantes como um fedor
Então levante e ande
Cante insinuante sem pudor
Na correnteza da certeza
Do mar que ensinou, insinuou
Foi a onda do mar
Que me levou
Que me lavou
Abençoou
Foi a onda do mar
Que me salvou
Que me ensinou
Insinuou
|
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11. |
Cubro Meu Corpo
03:01
|
|||
Enquanto eu danço
Sobre o dinheiro
Tu sobe, alcança
Pisando cabeça
Enche a pança
Com o mundo inteiro
Não meta no bolso
O que não mereça
Sinto o cheiro
Sua alma podre
Que paira sobre a cidade velha
Onde a sujeira destrambelha
E a tristeza atrapalha
Cubro meu corpo
Com palha da costa
Cumpro a função
Que me foi imposta
Curar Okanilaiê
Dessa peste
Antes que fique
Decomposta
Cubro meu corpo
Com palha da costa
Cumpro a função
Que me foi imposta
Curar Okanilaiê
Dessa peste
Antes que fique
Decomposta
Sou aquele
Que limpa sua bagunça
Que protege o mundo
Da sua doença
A morte é meu pai
Nanã minha mãe
Sou velho como essa terra imensa
Sou aquele
Que limpa sua bagunça
Que protege o mundo
Da sua doença
A morte é meu pai
Nanã minha mãe
Sou velho como essa terra imensa
Sou aquele
Que limpa sua bagunça
Que protege o mundo
Da sua doença
A morte é meu pai
Nanã minha mãe
Sou velho como esta terra
|
||||
12. |
Padê Digital
03:39
|
|||
Todo mundo chega junto
na onda do bate-e-volta
pega coleguinha
pelo braço e não solta
leva para o meio do salão
e se esculhamba
Naquela empolgação
caraterística do samba
Cara feia é fome
com vontade de comer
Sorriso é que transborda
Que engorda e faz crescer
Parece que a parada
te espera pra espairecer
A pessoa amada tá
procurando você
Aparece que você merece
Tudo que te apetece
Ajoelha e faz a prece
Dos amigos não esquece
Abre logo seu espaço
Deixa de cagaço
Pega impulso e se joga
No meio daquele abraço
Nêga quando me aconchega
chega me comove
Me pega, me paga, me leva,
me lava, me love
Nêga você me acomoda
no dia que chove
Me pega, me paga, me leva,
me lava, me love
Na casa de mãe cabinda
O amor é de oxalá
Vou passar em mãe cabinda
A bênção vou pegar
Na casa de mãe cabinda
Seu nome vou falar
Vou pedir pra mãe cabinda
O axé dos orixás
Óiaeuaí ói
Oba é já
Benza lá e aqui, ói
No Ogunjá
Pala de café fí
Rodá, Rodá
Vi Logun Edê, vi
No Gantois...
Protege meu amor
guarda de todo mal
Via USB no padê digital
Copia meu amor
control-c control-v
Meu patuá tá no meu HD
Vai erinlê, vai pra rua jogar
Criança dançando
dá gosto de olhar
Menino menina
criado no doce
Cuidado com a bronca,
o cavalo dá coice
Tenha muito cuidado
com sua princesa
Vem devagar
Quando a fogueira tá acesa
Dê muito carinho
Dê muita atenção
Solte o que vai dentro
do seu coração
Esse é o brinquedo
que se brinca de dois
É gostoso misturar
como feijão com arroz
Se lambuza toda
dando gargalhada
No banho de mar
fica ensolarada
Somos ibejí,
somos carne e unha
Eu te amo mais
do que eu pressupunha
sempre descoberta,
a verdade nua
Junto de você
minha cabeça flutua
Nêga quando me aconchega
chega me comove
Me pega, me paga, me leva,
me lava, me love
Nêga você me acomoda
no dia que chove
Me pega, me paga, me leva,
me lava, me love
Na casa de mãe cabinda
O amor é de oxalá
Vou passar em mãe cabinda
A bênção vou pegar
Na casa de mãe cabinda
Seu nome vou falar
Vou pedir pra mãe cabinda
O axé dos orixás
Óiaeuaí ói
Oba é já
Benza lá e aqui, ói
No Ogunjá
Pala de café fí
Rodá, Rodá
Vi Logun Edê, vi
No Gantois...
|
||||
13. |
Você é o Lugar
03:44
|
|||
Você é o Lugar
Faz o que deus manda
Como o diabo gosta
Entra na ciranda
Sua alma tá exposta
Como uma pergunta
Que já é resposta
A casa tá cheia
A mesa tá posta
A boca suspira
Cabeça que gira
O mundo revira
Pra te deslocar
A mão que batuca
Da mãe que te educa
Te afaga na nuca
Pra te confortar
O sino que soa
A vida que voa
Tu tá todo a toa
Vamo levantar
A paz que passeia
Pelas sete e meia
Me desencadeia
Vontade de amar
Que bela cidade
Na velocidade
Na suavidade
Saudade de ver
A fragilidade
da sua bondade
frente a crueldade
quero proteger
Com dignidade
Quero qualidade
E reciprocidade
Fazer só o bem
E festividade
Mais anos de idade
Pra nossa amizade
Digamos amém
Faz o que deus manda
Como o diabo gosta
Entra na ciranda
Sua alma tá exposta
Como uma pergunta
Que já é resposta
A casa tá cheia
A mesa tá posta
A dica que fica
Que te modifica
Só julga, critica
O que quer ajudar
Se liga no toque
Sem briga nem choque
Então desemboque
Seu rio no mar
No clima declama
Que a rima derrama
Seu organograma
Vamos trabalhar
O tempo tem fome
Um puta abdome
Nome, sobrenome
E quer te pegar
Espera, Respira
Suspende, suspira
Retoma, retira
Vira Pombajira
Retoca, retruca
Fica de butuca
Segura a peruca
Que vida maluca!
A gente batalha
No fio da navalha
Não ganha medalha
Nem joga a toalha
Sai de armadilha
Não segue cartilha
Se tu também pilha
Curte e compartilha
Faz o que deus manda
Como o diabo gosta
Entra na ciranda
Sua alma tá exposta
Como uma pergunta
Que já é resposta
A casa tá cheia
A mesa tá posta
Você é o Lugar
Sua mesa, sua casa
Você é o Lugar
Sua cama, sua asa
Você é o Lugar
Seu roncó, seu mundo inteiro
Você é o Lugar
Sua tribo e seu terreiro
Você é o Lugar
Seu roncó, seu mundo inteiro
Você é o Lugar
Ou por onde você vá...
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